Ir direto para menu de acessibilidade.
Brasil – Governo Federal | Acesso à informação
Página inicial > Notícias > Campus Abaetetuba tem formatura dupla de cursos EAD
Início do conteúdo da página

Campus Abaetetuba tem formatura dupla de cursos EAD

Criado: Sexta, 27 de Dezembro de 2019, 14h08 | Publicado: Sexta, 27 de Dezembro de 2019, 14h08 | Última atualização em Sexta, 27 de Dezembro de 2019, 17h16 | Acessos: 1567

União, gratidão e alegria são as palavras que resumem a solenidade de formatura das turmas de nível técnico, modalidade a distância, do Instituto Federal do Pará – IFPA, em Abaetetuba. A solenidade aconteceu no dia 14 de dezembro, no campus da instituição naquele município, e reuniu concluintes dos cursos de Técnico em Informática (subsequente) e Técnico em Informática para Internet (integrado), ambos vinculados ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec, por meio da educação a distância – EAD.

O vínculo estabelecido entre os alunos e os professores de ambas as turmas era nítido. “Por incrível que pareça, foi um ensino a distância, mas aproximou de uma forma muito grande, porque eu conheço um pouquinho de cada um, a dificuldade de cada um, as negociações de remarcações de atividades, de provas. Foi muito difícil, mas cada um venceu uma batalha. E nós fomos acompanhando as vitórias de vocês antes mesmo dessa que estamos presenciando aqui”, discursou Rogério Melo, professor mediador da turma de Técnico em Informática.

“Acreditem, que dá certo! E nós vamos longe quando a gente quer e quando a gente batalha. Tem um ditado que diz 'faça por ti, que te ajudarei'. Então, vamos lá! Força! Essa instituição é de vocês. Não fiquem com medo, voltem sempre. Aqui está de portas abertas pra vocês”, completou emocionado Márcio Favacho, professor mediador da outra turma. “Esse momento é, para mim, como ver uma criança dando os primeiros passos. E ter ajudando nesse crescimento, nessa formação, realmente é um diferencial para nós, professores. É algo que não tem preço. Espero que esse ciclo que está se encerrando seja apenas o primeiro de muitos, muitas vitórias que virão”, concluiu Raphael Saraiva, coordenador do polo EAD em Abaetetuba.

Os formandos do curso Técnico em Informática iniciaram as atividades em dezembro de 2016 e compõem uma das seis turmas da modalidade EAD do programa Rede e-Tec Brasil/IFPA. Já os concluintes do Técnico em Informática para Internet começaram o curso no primeiro semestre de 2017, em contraturno com as aulas do 2º ano do ensino médio, vinculados à ação MedioTec. No total, formaram-se 40 estudantes, sendo 14 da Rede e-Tec Brasil e 26 do MedioTec.

Histórias de vida

Sem dúvida, a solenidade de formatura das turmas EAD de Abaetetuba representou mais que uma conclusão para os estudantes: foi uma etapa convergente para histórias de vidas diversas, cuja significado do curso é particular, embora a relevância seja inegável. “Somos seres humanos, temos as nossas dificuldades, os nossos problemas e as nossas perdas. Quantos de nós estamos aqui nesse momento e ninguém está sabendo o que cada um está carregando na sua mochila, na sua bagagem”, afirmou Diselma Brito, diretora-geral do IFPA Campus Abaetetuba.

Durante a cerimônia, o clima era de festa e gratidão, mas principalmente de vitória, uma vitória compartilhada. “O verdadeiro educador é aquele que não se preocupa somente em entender se você consegue compreender um determinado contexto do curso, uma especificidade, mas é também aquele que se preocupa com a tua vida. Não é que queiramos nos meter nas suas vidas. É porque a nossa história entrelaça-se com o nosso resultado acadêmico”, afirmou a diretora.

“Precisamos conhecer nossos estudantes, precisamos conhecer suas histórias, precisamos contar suas histórias, porque, para muitos, a educação a distância é algo ainda que não existe ou que não tem qualidade ou que não tem valor, mas nossos estudantes mostram que não é isso”, completou Márcio Wariss, diretor do Centro de Tecnologias em Educação a Distância do IFPA.

Novos sonhos, novas etapas

José Raimundo, de 57 anos, buscou o curso Técnico em Informática após abrir uma lan house em sua casa. Um negócio pequeno e familiar, mas que ligado às novas tecnologias, trouxe a ele a necessidade de voltar a estudar. “Eu não tinha afinidade com o computador, mas com o apoio do pessoal de casa e dos colegas, pronto! Deu certo!”, comemora. A própria ideia do empreendimento surgiu porque o filho concluiu o mesmo curso também pelo IFPA, porém na modalidade presencial. Hoje, o filho do José trabalha numa universidade pública no município, mas o negócio da família continua. “A sensação de estar aqui me formando é muito boa, uma coisa inédita, única. É a minha primeira formação e eu estou muito grato”, conclui.

Gleiciane Negrão também se diz grata pela formatura como técnica em Informática, embora esta não seja sua primeira conclusão de curso. Mesmo assim, a solenidade no IFPA teve um gostinho especial, pois na primeira formação técnica, ela apenas recebeu o diploma e, na graduação, estava trabalhando em outro município e não pôde participar da cerimônia. “Tinha que ser essa!”, declarou comovida.

Ela, que tem 38 anos, já era técnica em Enfermagem, graduada em Letras e pós-graduada em Enfermagem do Trabalho, mas está sempre em busca de aprimorar seus conhecimentos. “O curso não foi como eu espera, mas não de uma forma negativa. Eu tinha outra expectativa”, explica Gleice – como prefere ser chamada. Ela buscou o curso pensando em utilizar melhor as ferramentas de software que as novas tecnologias proporcionam, mas não imaginava que iria “conhecer o computador por dentro”.

Por não se tratar, portanto, da área de conhecimento em que já tinha afinidade, ela pensou diversas vezes em desistir do curso. No entanto, sempre incentivada pelo professor mediador do curso, concluiu. E, para os que duvidam que haja relação entre áreas tão distintas – Exatas, Saúde e Humanas – Gleice dispara: “Se procurar, tem sim”. Realmente, uma vez que um de seus empregos, pelo Sistema Único de Saúde – SUS, ela lida com os diversos sistemas do Ministério da Saúde. “Muitas coisas acontecem que eu já não preciso mais chamar alguém para ajudar. Já perdi o medo de lidar com máquinas, então já agilizo tudo”. Além disso, ela trabalha em um escola como coordenadora técnica de curso, na área de Enfermagem. “Lá onde eu trabalho, tem laboratório de informática e, diplomada pelo IFPA, já estou pensando em um projeto para aplicar tudo que aprendi e desenvolver lá”, anima-se.

Sonhos compartilhados em família

A família de Alex Franklin dos Reis também não escondia a satisfação daquele momento solene. O garoto estava comemorando a conquista de se tornar técnico em Informática para Internet em antecipação aos seus 18 anos que completou poucos dias depois, dia 20 de dezembro. Além disso, a família prepara-se para, em breve, festejar também a formatura da mãe Francilene, em Pedagogia, e da irmã Adriele, em técnica em Edificações pelo IFPA. “Para nós, é um gozo ver eles agora começando e começando bem. Eles estão tendo essa oportunidade que nós não tivemos lá atrás”, afirma o pai Alexandre.

Alex e a família vivem em outro município, Barcarena, o que proporciona um desafio ainda maior em manter a rotina de estudos no IFPA, aonde ele ia três vezes por semana. “Tiveram muitos desafios e, graças a Deus, cada um, nós vencemos. Pouco a pouco, mas conseguimos. A maior dificuldade era chegar aqui. É muito longe de onde nós moramos, então para chegar aqui, teve um pouco de sacrifício”, descreve. “Era bem difícil, pois, para ele vir, tinha que pegar a van, ia até o terminal rodoviário, pegava o ônibus até Abaetetuba e, então, ou pegava uma moto ou dividia outro transporte com os colegas”, explica a mãe. “Sacrifício tem, mas o que é que é especial que não venha com sacrifício?”, completa o pai.

Alex agora planeja seguir na faculdade, em algum curso afim à Informática. “Estava pensando em Engenharia da Computação”. Mas apenas após servir ao Exército, para onde ele vai realizar mais um sonho. “É um sonho que eu tinha e que vai ser compartilhado por muitos amigos meus que estão indo também para lá. Então, é uma alegria e satisfação em participar”, afirma. “Agora é pensar no futuro”, conclui.

Laços de amizade

Estudantes da mesma escola no ensino médio, Adrian Daniel, Camilo Andrade e Allena Gomes – todos com 19 anos – trouxeram para a formação técnica a amizade. “Uma parte da turma já vinha junto desde o [ensino] fundamental. Quando nós entramos no IFPA, já trouxemos um pouco dessa nossa amizade e chegamos aqui e juntamos com novas pessoas, até de outros municípios. E foi algo que não tem como explicar. Aconteceu de forma natural. Ninguém forçou amizade. Foram se encaixando as vidas, foram se encaixando as histórias, foram se encaixando as dificuldades”, resume Camilo.

Em seus discurso de orador da turma, o jovem enfatizou mais uma vez a amizade: “Já sabíamos que não éramos somente amigos ou colegas, éramos uma família. Quando viajávamos para ir atrás das coisas ou quando saíamos para fazer coleta para conseguir alguma coisa, era uma 'parada' diferente. Coisa de família mesmo. Isso, eu quero levar para a vida toda”.

Adrian, por exemplo, buscou o curso Técnico em Informática para Internet porque sempre gostou da área. Já conhecia um pouco sobre software e hardware quando viu a oportunidade de aprender um elemento novo, aplicando os conhecimentos à grande rede. “Sou apaixonado por tecnologia”, declara. Para o futuro, ele está à espera dos resultados do Exame Nacional dos Estudantes – Enem e pretende cursar graduação em Pedagogia ou Desenvolvimento e Análise em Sistemas. Ser pedagogo é a primeira opção do jovem, desde que possa manter-se envolvido com a Informática. “Não sei ainda como, mas talvez com algum projeto educativo”, conta.

Além da amizade, o sonho em cursar Pedagogia é também compartilhado por Camilo. “A ideia de trabalhar com o jovem, com o adolescente, com o pré-adolescente é algo que me move”, afirma o rapaz que, mesmo muito novo, já é coordenador de um projeto social no município, chamado Batalha do Miriti. “É um projeto que trabalha com elementos da cultura hip hop. Trabalha com literatura marginal e música de periferia, feitas por pessoas da periferia para pessoas da periferia. O intuito é levar cultura, dar cultura, mostrar que nosso povo tem cultura”, explica. “O rap sempre foi uma segunda opção, sempre foi uma válvula de escape, para tirar a juventude do crime, do mundo das drogas”, completa.

Enquanto aguarda o sonhado ingresso no ensino superior, ele pretende buscar emprego na área em que se formou. Assim como Allena. A jovem, que quase desistiu do curso devido às dificuldades, manteve-se firme até o fim e agora sonha em atuar na área. “Agora, vou fazer meus currículos e meter a cara, porque nós precisamos colocar em prática tudo isso que aprendemos. Aí, quando abrirem os concursos, nós precisamos fazer as provas e tentar. E acreditar que vai dar certo”, emociona-se.

A jovem vive com a avó e, ainda cursando o nível técnico, precisou conseguir um emprego para ajudar nas despesas de casa. Foi ser babá, o que muitas vezes a impedia de participar das atividades presenciais do curso. “Fui ficando muito sobrecarregada, porque eu trabalho o dia todinho e tinham vezes que não tinha como eu sair de lá e eu não podia sair para poder fazer as provas, para poder participar das aulas e tudo mais. Eu cheguei a um ponto que eu vi que eu não estava indo para a aula, não estava adquirindo conhecimento, nem conteúdo, nem nada”.

E só não desistiu porque teve o incentivo do professor mediador da turma, Márcio Favacho, e de seus colegas. Assim, por muitas vezes, Allena fez provas em horários alternativos dentro do IFPA, adaptados ao horário que o emprego exigia. “Essa formatura significa superação. Por saber que temos professores que estão sempre com a gente, ajudando. É muito gratificante. Dá aquela vontade de querer continuar para dar um orgulho para eles, sabe? E, assim, poder retribuir tudo que eles fizeram por nós. É muito emocionante mesmo. De verdade”, avalia.

registrado em:
Fim do conteúdo da página
-->