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EAD inclusiva – Censo EAD.BR 2016

Criado: Terça, 21 de Novembro de 2017, 12h50 | Publicado: Terça, 21 de Novembro de 2017, 12h50 | Última atualização em Terça, 21 de Novembro de 2017, 12h50 | Acessos: 2127

O perfil dos alunos que estudam a distância no Brasil é um indicador seguro do caráter inclusivo da modalidade. São “trabalhadores que estudam”, e não “estudantes que trabalham”. Em outras palavras, são alunos mais velhos que seus colegas do ensino presencial, e já estão no mercado de trabalho em proporção maior. Além disso, outra característica determinante da educação a distância (EAD) é a maior proporção de mulheres entre os estudantes.

Faixa etária

Em relação à média de idade dos alunos, os dados do Censo EAD.BR 2016 mostram que os alunos dos cursos superiores a distância estão concentrados principalmente nas faixas etárias de 26 a 30 anos e de 31 a 40 anos.

Essas faixas etárias diferem de maneira substancial do perfil dos alunos matriculados no ensino superior presencial no mesmo período da pesquisa – concentrados na faixa de até 25 anos. Essa diferença fundamental reforça a modalidade a distância como a oportunidade por excelência para atender às parcelas da população que não tiveram acesso ao ensino universitário imediatamente após concluir o ensino médio.

Os dados do Censo EAD.BR 2016 são consistentes com o levantamento anual produzido pelo Instituto Nacional de Estudos Educacionais Anísio Teixeira (INEP), órgão vinculado ao Ministério da Educação que faz a coleta de dados das instituições de ensino superior no país. O INEP mostra que a média de idade no ensino superior no ano de 2015 era de 26 anos para os estudantes presenciais e de 33 anos para os alunos a distância.

Essa diferença de sete anos registrada ao final de 2015, no entanto, vem se estreitando. No início da década de 2000, o perfil predominante entre os alunos dos cursos de graduação na EAD era de professores já em fase de pré-aposentadoria e que não tinham habilitação específica ou curso superior para lecionar. Os cursos com maior número de alunos eram as licenciaturas, que chegavam a ter 85% das matrículas naquela época.

Esse perfil elevava a média de idade predominante na EAD para a faixa etária acima dos 40 anos. Na metade da década, entre 2004 e 2007, as instituições passaram a incluir cursos de bacharelado no catálogo da EAD, com destaque para Administração, Ciências Contábeis e Serviço Social. Com a entrada de candidatos mais jovens nos processos seletivos, a faixa etária dos alunos diminuiu.

Um novo ciclo de mudanças ocorreu entre os anos de 2008 a 2012, com os cursos superiores tecnológicos tomando mais força no mercado, oferendo formações em dois a três anos de estudo. Cursos como Produção Multimídia, Marketing, Design e Jogos Digitais atraíram alunos mais jovens, e a média de idade seguiu diminuindo.

Em 2016 e 2017, já dentro do ciclo da crise econômica que se aprofundou no país, um novo perfil de alunos começou a entrar com maior peso na educação a distância: egressos do ensino médio passaram a considerar a EAD como opção natural de continuidade para o ensino universitário. Com isso, rompe-se com a noção histórica de que a EAD atenderia apenas os excluídos do ciclo natural de escolarização.

Esse ainda é um fenômeno inicial, mas já indica claramente uma maior aproximação entre o perfil de alunos nas modalidades presencial e a distância.

Trabalhadores que estudam

As evidências de que os alunos da EAD são “trabalhadores que estudam” não estão apenas na distinção por faixa etária, o que já seria um indicativo suficiente se correlacionado com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ou do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA). É possível extrair do próprio Censo EAD.BR 2016 que há uma proporção maior de alunos que trabalham na educação a distância em relação ao ensino presencial tradicional.

Analisando os dados do Censo EAD.BR 2016, é ilustrativo da característica inclusiva da educação a distância, demonstrando que os cursos ofertados por ONGs têm a maior incidência de alunos que estudam e trabalham.

O Censo EAD.BR 2016 também dá suporte à assertiva de que os alunos presenciais de instituições federais poderiam ser identificados como “estudantes que trabalham”. Essas instituições contam com alunos mais jovens, e entre eles a incidência de trabalhadores é menor.

Já os alunos do ensino privado poderiam ser identificados como “trabalhadores que estudam”, em função da faixa etária mais avançada e da maior proporção de empregados. É mais uma evidência do caráter inclusivo da inclusão da educação a distância.

Mulheres são a maioria na EAD

A presente edição do Censo EAD.BR reitera o fato, evidenciado nas rodadas anteriores da pesquisa, de que as mulheres são a maioria entre os estudantes da modalidade. Da mesma forma que na escolarização presencial tradicional, à medida que se avançam os níveis de ensino, aumenta a proporção de mulheres entre os estudantes.

O fenômeno ainda não tem explicação sociológica clara. A taxa de nascimentos universal é praticamente equilibrada entre meninos e meninas, com discreta predominância de meninos. No ensino fundamental, o Brasil registra até um percentual ligeiramente superior de meninos em sala de aula. Mas, a partir do ensino médio, e principalmente no ensino superior, a taxa de mulheres aumenta progressivamente.

A pesquisa do Censo EAD.BR revela o fenômeno, na proporção de 55% de mulheres contra 45% de homens nas instituições privadas. Nas instituições públicas, a diferença é ainda maior, chegando a 59% de mulheres nas instituições federais, 64% nas instituições estaduais e 66% nas instituições municipais.

As explicações para essa discrepância ainda estão na esfera das especulações. Afirma-se que os jovens do sexo masculino entram mais cedo no mercado de trabalho e, por isso, abandonam os estudos. Por outro lado, eles poderiam retornar aos estudos mais tarde por meio da EAD, mas isso não está registrado nas pesquisas. Pelo contrário, a diferença se torna ainda mais significativas nas faixas acima dos 50 anos.

Outra possível explicação é de que haveria uma taxa de mortalidade precoce maior entre os homens, e isso influenciaria nos resultados educacionais. Tal suposição também não se sustenta nos números. Embora os jovens do sexo masculino sejam maioria entre as vítimas de acidentes de trânsito ou de violência, há um equilíbrio absoluto entre os gêneros até a faixa etária dos 25 anos.

Sobre o autor

João Vianney é doutor em Ciências Humanas, mestre em Sociologia Política e especialista em Psicologia da Comunicação pela UFSC, graduado em Psicologia e jornalista profissional. É consultor associado na Hoper Educação, atuando na área de ensino a distância. Implantou e coordenou o LED-UFSC, implantou e dirigiu o campus UnisulVirtual, e exerceu a direção de Educação a Distância do IESB. É membro de comissões verificadoras e assessoras de educação a distância da SESU do MEC e do Conselho Estadual de Educação de Santa Catarina. Atua como coordenador da RIFET, da Organização Universitária Interamericana (OUI), no Brasil. É diretor do Blog do Enem e membro do Conselho de Ética da Abed.

 

Veja este texto e a publicação Censo EAD.BR 2016 na íntegra!

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